By Pe. Nino Carta
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November 5, 2020
Falando de cruz não posso não colocar em comunhão a dor de hoje pela morte pelo covid de um meu querido amigo padre de Turim, Vallo Torinese, dom Vincenzo Chiarle, com quem vivemos juntos momentos de intensa espiritualidade. E me vem também espontâneo unir a sua morte à todos os padres que morreram pela pandemia. "Carregar a própria cruz com coragem" me faz olhar com emoção as fotos dos 130 padres mortos pelo corona virus. Don Vincenzo é o último dos sete que morreram nesta segunda fase da pandemia. Eis os nomes dos outros: Don Aldemiro Giuliani diocese de Senigallia;don Romano Bertocci diocese de Arezzo; don Giorgio Dell'Ospedale diocese de Rimini; don Vitalis Delago diocese de Bolzano; don Vincenzo Manzioni diocese de Policastro; don Giuseppe Pedrinelli diocese de Crema. São os últimos da Itália. Mas vocês com certeza poderão acrescentar muitos do Brasil, do Norte ao Sul. Talvez algumas vezes vocês se escandalizaram pelo comportamento de nós padres e com razão. Mas hoje vos convido à agradecer a presença deles ao lado destes que levaram a própria cruz com dignidade e generosidade até a dar a propria vida. Lembrando deles, deveríamos descobrir sempre mais a vocação de todos nós cristãos e sobretudo de nós padres: ser no meio do povo presença constante de alguém que ama, escuta, sorri, sofre, reza, abençoa, fica doente, morre dando a vida pela própria gente. Também a nossa Sardenha deu a sua contribuição de dor e de morte na primeira fase da doença. Desculpem, sou de parte, mas queria dizer a todos: "Queiram bem aos vossos padres!" Carregar a própria Cruz para um padre, não se trata somente da sua cruz pessoal, mas de carregar junto a cruz da sua comunidade . Aquele doente, aquele sem trabalho, aquele jovem drogado, aquela situação difícil em família etc...etc... Todas as vezes é uma verdadeira correria para colocar nas suas costas a cruz de todos, desde os mais participantes aos mais afastados. A Cruz do padre é e deve ser sempre uma cruz comunitária; cruz de Jesus e do Cirineu juntos. Com coragem, mas também com fragilidade, com momentos de confusão, com muitas lágrimas derramadas, com um renovado e continuo espirito de oração. "Carregar a própria cruz" para um padre é dar a vida pelo povo não somente nestes tempos de pandemia, mas dia após dia, gota a gota, oração após oração. É testemunhar com a vida à comunidade que não está sozinha; que a cruz a carregamos juntos e que se alguém cair, tem sempre uma mão para ajudar à levantar-se. É descobrir que na mão do padre que abençoa, sempre está presente um coração que ama. Nestes dias do novenario, as nove missas para os nossos mortos, pensei muito em tudo isto e quis fazer esta comunhão com vocês. Acho que cada um de nós na sua vida já encontrou algum padre que o ajudou nos momentos difíceis a carregar a cruz. Hoje pode ser a oportunidade de um obrigado e de uma oração. Eu, nesta manhã friazinha do outono, "os meus padres" tenho eles todos dentro do meu coração. São muitos. Se até agora consegui carregar a minha cruz, é impossível esquecer que uma ajuda grande, muito grande foi a presença paterna, fraterna, amorosa deles. Quero lembra-los agradecidos.