Gosto de começar o passapalavra de hoje com as palavras de Jesus ao Pai: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e fortes e as revelaste aos pequeninos” (Mt 11,25). ).
Um louvor o de Jesus, quase cheio de espanto, diante do Pai cada vez mais criativo e imaginativo no seu modo de amar, que desloca um pouco a todos, até mesmo ao seu Filho.
E ainda porque este texto evangélico foi escrito por Mateus depois de um período de fracasso na vida pública de Jesus: João preso, Ele mesmo desafiado no templo, as aldeias ao redor do lago depois dos primeiros entusiasmos que se afastam....
Mas precisamente neste contexto, eis um vislumbre inesperado que o enche de alegria: “Eu te louvo, Pai...”.
Temos que aprender o jeito de amar de Deus, o estilo dele.
Nele, o lugar vazio deixado pelos grandes e importantes é preenchido pelos pequenos, pelos pecadores, pelos doentes, pelas viúvas, pelos cobradores de impostos, pelas crianças... isto é, pelos seus preferidos.
Está neles a verdadeira fonte de louvor a Deus: «.. revelastes estas coisas aos pequeninos! ».
Mas o que essas palavras significam?
Querem anunciar-nos que Ele veio trazer para nós a revelação da ternura: “Vinde a mim...”, dirigida aos mais pequenos, porque só as crianças compreendem imediatamente o essencial, que é o amor, isto é senós os amamos ou não.
É este o sinal mais simples e claro da vida: a linguagem do amor. E os pequenos, os pecadores, os últimos e as periferias dos corações compreendem isto muito bem.
Louvar a Deus então é inventar amor estando ao lado de quem não consegue, trazendo diariamente para quem está precisando o pão fresco da atenção, da presença e do cuidado, de que tantos corações cansados e solitários necessitam.
Louvar a Deus não para inventar novos mandamentos ou catecismos, novas regras e novos ritos, mas para dar o conforto de um novo viver para quem precisa, com as mãos e os braços estendidos sobre os quais poder repousar a vida cansada e desanimada e retomar ainda que com dificuldade o fôlego corajoso da jornada.
Louvar a Deus, porque em Jesus Deus veio apagar a velha imagem de um Deus com o dedo acusador apontado para nós, para nos mostrar os braços da sua misericórdia sempre abertos.
“Louvar a Deus” então, para dar asas à nossa fé para voar; novo impulso de amor à nossa esperança e novo fôlego e um novo céu para o nosso jeito de amar.
Porque é esta a sua imagem que Ele quis imprimir em tudo e em todos quando inventou a criação, dando-lhe como segredo de vida a sua própria vida de amor vivida em comunhão a cada momento, louvor contínuo e verdadeiro à Ele criador.
Neste louvar cósmico, podemos faltar nós homens, obra prima da sua criação?
Pe. Nino Carta
01.09.2023