"ESCUTAR A PRÓPRIA CONSCIÊNCIA" - 03/10/2023

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Escutar a própria consciência

 Como gosto desta frase: “Deus inventou o sussurro para poupar a escuta; na verdade, a voz de Deus é mais que uma trombeta trovejante, é uma brisa suave”.

No barulho e nos ruídos de uma modernidade desordenada e muitas vezes vazia, parece que a voz de Deus desaparece, precisamente porque Ele é o Deus da “voz baixa”; do sussurro, do murmúrio da consciência, de modo que muitas vezes só conseguimos ouvi-lo com os ouvidos do coração.

Que sabedoria teve o jovem Salomão, quando orou a Deus para que lhe desse um coração que soubesse escutar!

  Mas também para nós um coração como este é um dom imenso, para poder dar espaço a cada momento à voz de Deus dentro de nós e não só.

Descobri que a palavra “surdo” tem a mesma raiz de “absurdo”.

Assim, quando não ouvimos ou não queremos ouvir ou escutar, ficamos surdos não só à voz de Deus, mas também à voz dos outros; à vida que nos rodeia, aos gritos dos pobres, da natureza e de tudo o que está ao nosso redor, e assim.... caímos no absurdo, no absurdo de uma vida solitária que só escuta a si mesma, isolando-se de tudo e de todos.

“Escutar a própria consciência” significa dar espaço à voz de Deus e sair do absurdo de uma vida como esta; sair de uma solidão que se torna a antecâmara do inferno.

É por isso que o primeiro serviço a prestar a Deus é ouvir a sua voz que nos fala através da nossa consciência.

Escutar, que não é apenas ouvir.

O ouvir pode ser somente um fato sensorial; escutar a voz da nossa consciência ao invés é antes uma escolha interior, uma intimidade e um silêncio do coração.

“Escutar a própria consciência” dentro de nós não significa necessariamente compreendê-la, mas ser casa pra ela; e por isso hospeda-la com ternura e carinho, sabendo até..... “perder tempo” com ela.

Alguém me ensinou três maneiras de abrir espaço para a voz de Deus dentro de nós:

- escuta-la como crianças,

- escuta-la como enamorados,

- escuta-la como os monges.

As crianças escutam com todo o corpo, inclinando-se para nós.

  Os enamorados escutam com todo o seu ser, para não perder uma sílaba daquilo que o seu amor está dizendo.

  E São Bento nos revela o modo de escuta dos monges:

“Escuta filho “attonitis auribus”, isto é, com ouvidos de estupor, de surpresa, de encantamento, de espanto, para que o outro entenda que sua voz e sua vida nos agradam e são importantes para nós”.

Eis então uma maneira séria e profunda de abrir espaço para a voz da consciência dentro de nós.

Por isso é precioso e fundamental o silêncio do coração, do coração que ama de verdade e sabe acolher com encanto a voz do amado.

Mas são também profundos e fundamentais a serenidade e o silêncio ao nosso redor: o parque em frente à casa, por isso, é.......um verdadeiro convite à estes momentos de paraíso!

Pode acreditar: a mãe natureza é um verdadeiro...mosteiro!


Pe. Nino Carta

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