"ACOLHER E PARTILHAR" - 15/05/2025
Acolher e Partilhar

O milagre da multiplicação dos pães me dá a oportunidade de meditar um pouco sobre esses dois verbos – acolher e partilhar – que nos são propostos pelo passapalavra de hoje e que Jesus quis transformar em casa e maravilha para milhares e milhares de pessoas que, encantadas por Suas Palavras, O seguiam e chegaram até a esquecer-se de levar algo para comer.
Como que a querer destacar que, quando estamos em Deus, sempre podemos encontrar solução para os nossos problemas do dia a dia.
"Acolher e partilhar": diante de tanta gente, poderia até parecer ridículo pensar que fosse importante a presença de um rapaz que trazia consigo “cinco pães de cevada e dois peixes”.
E eis que ao invés, quase do nada, surge a profecia e o deslumbramento de descobrir como a partilha se torna a solução não apenas do problema daquele momento – que era a comida –, mas também dos nossos pequenos ou grandes problemas cotidianos da vida.
Vamos então meditar um pouco sobre o trecho evangélico:
1. O "sentar-se": Jesus convida todos a se sentarem na relva, ou seja, a se sentirem juntos como uma família redescobrindo-se irmãos, para nos mostrar que, em qualquer situação, a solução nunca está na quantidade do que se tem, mas na qualidade dos relacionamentos que vivemos.
2. E então vem o segundo verbo: "acolher".
O sinal de que estar em família é colocar sempre em comum aquilo que se tem; não importa se pouco ou muito, porque o importante é ter um coração disposto a doar tudo.
E assim, aquele momento de dificuldade torna-se momento de luz, porque sempre há alguém que tem um pouco de pão e que sabe algo peixe, e Jesus logo aproveita disso, convidando-o a transforna-lo em dom de amor para os outros:
"Não se preocupem: estou aqui como amor, para mostrar que, quando vivem no amor, vocês também sempre conseguirão fazer nascer e multiplicar a vida."
O amor, de fato, faz milagres: cura doentes, sara corações e faz até descobrir a emoção transformadora do perdão, ajudando inimigos a se escutarem, dialogarem, se compreenderem e se abraçarem.
Quando o meu pão e os meus peixes se tornam nosso pão e nossos peixes, então acontece o milagre, ou seja, o abraço entre os dois verbos: acolher e partilhar.
A fome de fato não termina quando muitos comem até se saciar, mas somente quando partilhamos aquilo que temos.
No mundo, pão há muito sim; no entanto, nós o desperdiçamos e jogamos fora toneladas todos os dias, enquanto que, se fosse partilhado, seria suficiente para todos.
Talvez por isso o Evangelho não fale de "multiplicação", mas sim de "distribuição" dos pães e peixes, os quais, por isso... nunca acabam!
Eis de fato, inacreditável mas verdadeiro, que passando de mão em mão, há pão em abundância para cada uma deles – e ainda sobra!
Última reflexão:
"acolher e partilhar", sim, mas não pode faltar a oração, a bênção de Jesus!
Justamente, os três momentos comoventes da Eucaristia: "Tomou o pão, deu graças e o distribuiu" como na Missa, para que a nossa vida possa se tornar um contínuo sacramento.
Mas para isso, são necessários corações que tenham descoberto a beleza de não serem donos de nada, porque quando nos sentimos donos, infelizmente profanamos tudo aquilo que Deus nos deu: o ar, a água, a terra, o pão etc...; enquanto, quando os acolhemos como dom e os partilhamos também como dom, fazemos com que tudo ai passando além de nós rumo aos outros.
Não vos parece maravilhosa uma vida vivida assim: acolhendo, abençoando e partilhando?
Certamente não existiriam guerras, destruições e mortes.
Inclusive, nem a Faixa de Gaza seria o reino da fome e da morte, assim como também não a “martirizada” Ucrânia, sem contar as inúmeras outras guerras em todo o planeta.
Contudo, o sonho de acolher e partilhar deve sempre começar dentro de nós, no nosso coração, ao nosso redor, em nossas famílias e em nossas comunidades.
Não importa se somos apenas uma gota no oceano do nosso mundo,
porém eu pergunto: a nossa gota está sempre disponível?
Pe. Nino Carta
15.05.2025