"CONFIAR UM NO OUTRO" - 17/10/2023
Confiar um no outro

É claro que para “confiar um no outro” a nossa boa vontade e empenho não são suficientes; porque se o nosso confiar-mos nos outros depende de nós, nunca vamos poder forçar o outro a confiar em nós.
Por isso para nós o confiar nos outros deve tornar-se um recomeçar contínuo, tentando ser perseverantes, apesar das ofensas e quem sabe das decepções que temos vivido, no nosso compromisso de acreditar no outro e, portanto, de ama-lo como antes e quem sabe... até mais.
Se pararmos nas palavras “Não tem jeito....aquele cara não merece mais a minha confiança”, este nosso ressentimento vai-se tornando uma espécie de bumerangue que, voltando contra nós mesmos, sem machucar o outro que talvez nem perceba o que está acontecendo, mas a nós mesmos que vamos corroendo o nosso fígado de raiva, poluindo o nosso caminho de fé e a nossa participação na comunidade.
A confiança nos outros, sempre renovada, é um verdadeiro sopro de vida e um espírito novo que, apesar de não ser fácil, nos renova interiormente e nos dá nova força e iniciativa para voltar a acreditar no outro.
Sem contar que o nosso gesto de abertura e generosidade é a única possibilidade que temos para poder despertar no outro uma nova consciência daquilo que aconteceu e quem sabe um possível repensar o seu comportamento: só o calor do amor pode fazer germinar e florescer nos corações mais relutantes, novas possibilidades de encontro e de confiança.
Um outro ponto no qual talvez é bom prestar atenção é o de não estragar a confiança séria, fundando-a apenas no fato de tê-la apenas com quem tem as mesmas ideias do que nós.
O confiar não deve basear-se em ideologias humanas mais ou menos verdadeiras ou mais ou menos passageiras, mas deve encontrar o seu alicerce no amor, vendo o outro a cada momento como o próprio Deus o vê e o ama, isto é, sempre novo.
É este o verdadeiro alicerce do “confiar um no outro”. Uma experiência por isso em constante evolução, verdadeiro combustível para una séria conversão rumo à santidade. Com certeza temos ainda um longo caminho a percorrer!
Mas não pode deixar de ser assim; ao final devemos amar cada irmão como o amou Jesus, que ao morrer na cruz não exigiu nem esperou o nosso “mutuamente”, mas deu a sua vida e pronto....
Estou convencido do que todo o nosso recomeçarmos a confiar nos outros deve ter como alma as últimas palavras de Jesus: “Em tuas mãos...”!
Pe. Nino Carta
17.10.2023